sábado, 23 de abril de 2011

O Sermão do Monte das Oliveiras: Evangelho Social ou Evangelho Teológico?

Se Jesus é o único que tem "as palavras da vida eterna" conforme foi dito pelo apóstolo Pedro (Jo 6:68), por que tantas pessoas estão perdidas entregues a outras religiões e filosofias?

Se o maior mandamento é "amar a Deus de todo o seu coração, e de toda a tua alma e de todo o seu pensamento", e o segundo é "amar o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22:35-40) porque o Evangelho não é reconhecido dessa maneira por todos os homens?

Porque os homens não enxergam na Igreja de Deus um lugar de consolo e refúgio?

É importante lembrar que o foco deste estudo não é desrespeitar a opinião das pessoas a respeito de sua religião ou de seus valores, mas meditar a respeito da vontade de Deus para aqueles que O servem.

E isso só é possível se nos apegarmos ao ministério de Jesus na terra e tomarmos seu exemplo como regra de conduta. Jesus, ao ministrar o advento maior que é a chegada do Reino de Deus, não se descuidava de levar a Palavra a todos os homens, nem de deixou de comissionar a Sua igreja com a responsabilidade de pregar o evangelho.

A mensagem de Jesus era fundamentalmente social: "Portanto, ide, ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amén (Mt 28:19-20); 

Ou ainda, "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. (Mc 16:15-16);

Mas tão importante quanto a comissão que nos foi dada por Jesus quanto a levar o evangelho, é a expectativa de Deus para com a sua Igreja em tornar o Evangelho uma regra de vida e de conduta, conforme está descrito no livro de Mateus 25:31-46:

"Jesus terminou, dizendo: - Quando o Filho do Homem vier como Rei, com todos os anjos, ele se sentará no seu trono real;
E todos os povos da terra se reunirão diante dele, e ele separará as pessoas umas das outras, assim como o pastor separa as ovelhas das cabras.
Ele porá os bons à sua direita e os outros, à esquerda.
Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: "Venham, vocês que são abençoados pelo meu Pai! Venham e recebam o Reino que o meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo.
Pois eu estava com fome, e vocês me deram comida; estava com sede, e me deram água. Era estrangeiro, e me receberam na sua casa.
Estava sem roupa, e me vestiram; estava doente, e cuidaram de mim. Estava na cadeia, e foram me visitar."
- Então os bons perguntarão: "Senhor, quando foi que o vimos com fome e lhe demos comida ou com sede e lhe demos água?
Quando foi que vimos o senhor como estrangeiro e o recebemos na nossa casa ou sem roupa e o vestimos?
Quando foi que vimos o senhor doente ou na cadeia e fomos visitá-lo?"
- Aí o Rei responderá: "Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram."
- Depois ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: "Afastem-se de mim, vocês que estão debaixo da maldição de Deus! Vão para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos!
Pois eu estava com fome, e vocês não me deram comida; estava com sede, e não me deram água.
Era estrangeiro, e não me receberam na sua casa; estava sem roupa, e não me vestiram. Estava doente e na cadeia, e vocês não cuidaram de mim."
- Então eles perguntarão: "Senhor, quando foi que vimos o senhor com fome, ou com sede, ou como estrangeiro, ou sem roupa, ou doente, ou na cadeia e não o ajudamos?"
- O Rei responderá: "Eu afirmo a vocês que isto é verdade: todas as vezes que vocês deixaram de ajudar uma destas pessoas mais humildes, foi a mim que deixaram de ajudar."
E Jesus terminou assim: - Portanto, estes irão para o castigo eterno, mas os bons irão para a vida eterna."

O Sermão no Monte das Oliveiras foi uma oportunidade em que Jesus, além de pregar a mensagem do arrependimento, orientou sua Igreja acerca da busca pelos perdidos. E deixou claro o nosso papel como instrumento de Deus para saciar as carências da natureza humana, pelas razões que Ele bem conhece:

1ª razão: O homem é um ser social.

"E disse Deus: não é bom que o homem viva só..." (Gn2:18 );

"E todos continuavam firmes, seguindo os ensinamentos dos apóstolos, vivendo em amor cristão, partindo o pão juntos e fazendo orações.
Os apóstolos faziam muitos milagres e maravilhas, e por isso todas as pessoas estavam cheias de temor.
Todos os que criam estavam juntos e unidos e repartiam uns com os outros o que tinham.
Vendiam as suas propriedades e outras coisas e dividiam o dinheiro com todos, de acordo com a necessidade de cada um.
Todos os dias, unidos, se reuniam no pátio do Templo. E nas suas casas partiam o pão e participavam das refeições com alegria e humildade.
Louvavam a Deus por tudo e eram estimados por todos. E cada dia o Senhor juntava ao grupo as pessoas que iam sendo salvas." (At 2:42-47)

Deus é a única fonte de real satisfação para o homem. Todo aquele que buscar satisfação em riquezas,  em seu próprio talento ou no reconhecimento de outros será será frustado. O homem não pode ser feliz sozinho. Já percebeu que uma criança, por mais do que conforto  e riqueza de que ela disponha, suas principais necessidades são segurança, estabilidade e estímulos para novas conquistas. Um ambiente próspero não é uma ambiente de riqueza e fartura, mas com estabilidade e aceitação.  

Da mesma forma, Deus nos fez seus filhos através de Jesus Cristo. E a Igreja deve ser esse ambiente familiar e acolhedor. Não um tribunal onde você é simplesmente é aprovado ou reprovado.

No caso dos jovens, tem uma importancia ainda maior, pelo momento de vida pelo qual está passando. A adolescência é a época em que se deixa a infância e a tutela dos pais, que é sua zona de conforto, e passamos a formar nossos próprios valores. Ele irá, necessariamente, se afastar um pouco do controle dos pais. É um período de total insegurança!

Imagine só, se ao invés de ser apoiado nesse período de dificuldade, ele for taxado de "rebelde", de "garoto (a) problema"... será ainda pior e ainda mais insuportável!

Se o jovem cresceu e durante sua infância foi acostumado à idéia de um Deus punitivo e vingativo, distante de suas necessidades, certamente não será um valor herdado para a vida adulta. Percebe a razão pela qual tantos jovens, de lares evangélicos, se desviam do caminho e se afastam de Deus?

Por outro lado, se cresceu em um ambiente onde o amor a Deus foi sempre cultivado, onde foi estimulado a
pelos pais a tomar suas próprias decisões aprendendo a colocar Deus em primeiro lugar, meio caminho´para uma vida de relacionamento como Deus já estará preparado.

A outra etapa será o convívio com outros jovens com os mesmos valores. Por isso os "grupos" formados nas igrejas são importantes. Adolescente é "um ser que anda em bando!" (rs). Um adolescente isolado e solitário não é um bom sinal.

Muitos amigos meus, com filhos na idade da adolescência, agradecem pelos grupos de louvor, pelos corais, e por tantas atividades que servem como instrumento para reunir os jovens em torno da Palavra de Deus. Devemos incentivar esses grupos na Igreja, e se novos jovens chegarem à Igreja, devemos incentivá-los a participar desses grupos.

2ª razão: A Justificação é individual. A Santificação vem pelo relacionamento com Deus, com sua Igreja e com sua obra.

"Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus." (Fp 1:6)

"Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus. A salvação não é o resultado dos esforços de vocês; portanto, ninguém pode se orgulhar de tê-la. Pois foi Deus quem nos fez o que somos agora; em nossa união com Cristo Jesus, ele nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado para nós." (Ef 2:8-10)

A obra redentora de Jesus é o começo de nossa caminhada com Deus. Ele não espera de nós nada menos do que uma completa rendição à sua vontade. Não recebemos a salvação pelas obras que executamos em Seu Nome. Mas reconhecemos a condição de servo lavado, remido e resgatado quando nos empenhamos em servi-Lo. É redundante, mas um servo bom é aquele que serve! Ele trabalha ativamente em favor de seu senhor. A Bíblia está repleta de citações a esse respeito: a parábola dos dois filhos (Mt21:28-32) mostra que o filho obediente  não é aquele que simplesmente recebe a ordem de seu pai, mas o que a cumpre. A parábola dos dois servos (Mt 24:45-51) mostra que o que obedece a ordem prontamente certamente será aprovado.

A Palavra de Deus nos mostra como foi a Igreja nos tempos de Jesus e como deve ser o comportamento de seus servos. Se conhece a arvore pelos frutos! Da mesma forma, se conhece os filhos de Deus pelas suas obras. Não pelo linguajar... Não pelos musicas ou louvores que cantam... Não pela aparência!

Me lembro de uma história sobre um diácono de minha Igreja. Certa vez, os seus filhos, que nessa época já eram homens criados como eu, (de minha idade), necessitavam da assinatura em uma contrato de compra)venda de um imóvel vizinho, e o vendedor estava com algumas exigências para que sonegasse o imposto devido na negociação. Me recordo da resposta do filho em relação ao seu pai. Ele respondeu assimao vendedor/sonegador: " Meu senhor, eu compreendo os u pedido, mas não existe a menor possibilidade de meu pai aceitar uma proposta dessas!".Eles nem sequer cogitaram compactuar com o erro, pois sabiam que seu pai era um homem íntegro!

Eu próprio passei por algo parecido: A mais de dez anos, recebi a notícia do falecimento da irmã de um amigo. Me recordo que eu era recém-casado e ainda morava na casa de minha mãe. Naquela tarde, passamos, minha esposa e eu, na companhia desse irmão e de sua noiva. Me recordo que eles dormiram em casa, na manhã seguinte preparamos um café para eles e depois os levamos para o sepultamento. Depois disso, ele se mudou e pouco nos falamos. Dias atrás, ele encontrou minha esposa ao final de um culto. Após alguma conversa, ele comentou: "Irmã, me lembro de você e de seu marido naquela noite... é uma lembrança que não esqueço!". A pouco tempo, eu perdi meu irmão, era uma noite chuvosa, eu estava arrasado, mas me lembro que vários irmãos estiveram comigo no seu funeral, confortando a mim e a minha mãe, pela perda. Certamente, tenho vários momentos de alegria dos quais me recordo, mas essa noite ficará guardada em minha memória para sempre!

Veja, não levo em consideração se o irmão era mais abençoado, se era um líder da comunidade, nada disso importa. Me importa que essas pessaos estavam lá. Eles foram instrumentos de Deus para a minha vida naquele momento!

Esse momento se repete na vida de várias pessoas, com filhos doentes acamados ou internados em hospitais ou em clínicas. Mes, filhos e irmãos que vivem o luto da perda de um familiar. Um pai desempregado que não pode honrar com seu papel de provedor do lar. De pais que não sabem como se relacionar com filhos adolescentes. Casais que passam por dificuldades. Todas oportunidades para levar o amor de Deus a essas pessoa.


3ª razão: Deus determinou o princípio da Semeadura e Colheita.

"Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá.
Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna.
E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos.
Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé." (Gl 6:7-10)

Conforme foi dito no passado pelo teólogo-pastor John Weslwy "“não há santidade que não seja santidade social (...) reduzir o Cristianismo tão somente a uma expressão solitária é destruí-lo”.

O princípio da Semeadura e da Colheita, assim com o Princípio do Amor, da Autoridade e Submissão, da Ordem, é a base para o relacionamento com Deus.

Nosso Deus não é egoísta, portanto não irá se relacionar comuma igreja egoísta. Por essa razão Jesus veio a nós para nos mostrar que o que plantar-mos, isso colheremos. E não me refiro exclusivamente a finanças. Você que tem buscado um relacionamento saudável no seu casamento e filhos, têm dedicado tempo de qualidade nisso?

Você, que têm buscado ser cheio do Espírito Santo, tem dedicado tempo para falar de Deus? Veja que a simples tarefa de publicar esse estudo é uma forma de ser ministrado pelo Espírito.

Jesus não ordenou que recebêssemos o Espirito Santo para permanecer em nossas Igrejas, mas disse: "mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra." (At 1:08)
 
Será mesmo que o objetivo do evangelho oferecido por Jesus é um evangelho puramente teológico, onde o centro de tudo é a auto-satisfação do cristão, em um relacionamento exclusivo com Deus,  sem se preocupar com as almas perdidas? Ou será a busca por um relacionamento pleno com Deus através do Espírito Santo, a fim de levarmos o evangelho a toda criatura, de modo que o Reino dos Céus seja manifesto através do amor de Deus vivo em sua Igreja?

Receber o Espírito Santo é o mais importante para a vida do cristão, pois o recebe da parte de Jesus. Mas junto com o poder, recebemos também um objetivo, uma missão. A vida com Deus não é estéril. Deus não vai derramar de seu Espírito para simplesmente alegrar sua igreja. Ele irá fazê-lo para capacitá-la para toda a boa obra, que já está preparada para ela.