domingo, 17 de abril de 2011

A Mensagem do Arrependimento

Isaías 61:1-3
O Espírito do Soberano, o Senhor, está sobre mim, porque o Senhor ungiu-me para levar boas notícias aos pobres. Enviou-me para cuidar dos que estão com o coração quebrantado, anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos prisioneiros, para proclamar o ano da bondade do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; para consolar todos os que andam tristes, e dar a todos os que choram em Sião uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e um manto de louvor em vez de espírito deprimido. Eles serão chamados carvalhos de justiça, plantio do Senhor, para manifestação da sua glória.



Textos auxiliares:



Mt 3:14-17
João, porém, tentou impedi-lo, dizendo: “Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?”
Respondeu Jesus: “Deixe assim por enquanto; convém que assim façamos, para cumprir toda a justiça”. E João concordou.
Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele.
Então uma voz dos céus disse: “Este é o meu Filho amado, de quem me agrado”.

Mt 4:17
Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus”.

Lc 4:17-21
Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor.”
Então ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele; e ele começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir”.



O texto acima é, na minha opnião, uma das profecias mais maravilhosas de toda a Bíblia.
 Não é apenas uma profecia sobre o caráter de Cristo, mas uma promessa do livramento e da restauração de Deus para o homem. E essa promessa se cumpre através da obra redentora de Jesus que passa a pregar “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. É fundamental dizer que Jesus usa a palavra grega metanoia (metanoeo), que significa “voltar-se ao contrário”, “transformar a atitude mental” através da renovação do entendimento (cf Romanos 12:2).

Jesus conhecia muito bem a carente natureza humana. Ele próprio já havia convivido com ela por mais de trinta anos. Conviveu como todos os homens sob o jugo da lei, da religiosidade e das limitações humanas. Mas ele sabia que era chegado um tempo novo.
Cristo conhecia de perto as necessidades dos homens. Ele sabia que a lei não estava sendo ensinada ao pobres, o consolo prometido e a libertação não eram ministrados a todos e que os habitantes de Jerusalém haviam abandonado o temor a Deus.
Mas porque Jesus iniciou seu ministério pregando o arrependimento, ao invés de convidar todos a se beneficiar com o livramento do Senhor? Será que Jesus não achava que o povo já havia sofrido o bastante? Ou ele acreditava ser culpa das próprias pessoas a miséria e a aflição pela qual passavam?
Certamente que não.
Mas Jesus sabia que somente abençoar as pessoas não era o bastante. As bençãos passariam ou seriam esquecidas.
Jesus sabia que uma benção só é duradoura se houver transformação do homem. E a verdadeira transformação só é possível com a ajuda de Deus.
E era esse o convite feito pelo Messias.
Mas por que essa mensagem era tão dificilmente acolhida pelo homens?
Entendemos melhor quando conhecemos um pouco dos costumes e da tradição judaica: O povo judeu crê que a base do serviço a Deus durante estes dias se formam por meio de três pilares: Teshuvá (penitência, arrependimento, retorno), Tefilá (prece) e Tsedacá (caridade). Desses, vamos nos ater ao teshuvá:
Teshuvá significa um retorno. Desse modo, acreditava-se que um judeu é essencialmente bom e seu mais profundo desejo é praticar o bem. Porém, devido a várias circunstâncias, completa ou parcialmente fora de seu controle, ele erra. Este é o conceito judaico de Teshuvá - um retorno às raízes, ao seu mais íntimo ser.
Todavia, não cabe ao homem a restauração, pois essa vem de Deus, conforme Paulo disse aos Efésios (Ef 2:9): por que pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.
Ou seja, o arrependimento que Jesus prega aos homens que uma mudança incondicional de atitudes, de mentalidade e de valores. Incondicional pois aprove a Deus nos dar o livramento do Juízo Eterno, sendo salvos pela Sua Graça.
Deus já nos preparou o caminho da salvação, cabendo ao homem tão somente aceitar esse caminho preparado. Por essa razão, disse Jesus “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14:06). A mensagem de Jesus era firme e contundente: o homem deve abandonar absolutamente toda a sua natureza corrompida, e se sujeitar incondicionalmente a Deus. Desse modo, muitos judeus não aceitavam sua condição de pecadores e carentes da glória de Deus (Romanos 3:23).

Da mesma forma hoje, O Espírito Santos nos leva a abandonar nossa natureza e a buscar a renovação do nosso entendimento através da Palavra para experimentarmos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
É um chamado para a transformação: transformar a maneira de pensar, a maneira de olhar o próximo, a maneira de negociar, a maneira de trabalhar, a maneira de se relacionar com Deus e com Sua igreja.
Agora que vimos a razão pela qual Jesus pregou “arrependimento” aos homens, para que estes tenham acesso ao reino de Deus, vamos entender como os homens da época recebiam a mensagem e o convite ao arrependimento:
Os judeus temiam a Deus. Esse conselho foi dado pelo Rei Salomão no livro de Eclesiastes: “de tudo o que tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda seus mandamentos; porque este é o dever de todo o homem” (Ec 12:13). Os judeus respeitavam de tal maneira os ensinamentos do Rei Salomão, ao ponto de creditar a este uma posição quase sobrenatural. Acreditavam que todos os segredos da Criação lhe foram revelados que ele compreendia a linguagem de todas as criaturas (das árvores, dos pássaros, dos insetos e dos animais), que podia dominar o vento e os espíritos e que os demônios o serviam conforme a sua vontade.
A confiança em Salomão era tamanha, que só era superada por Moshê (Moisés), que segundo os judeus foi “o mais humilde de todos os homens”. Moshê tinha todos os motivos para se orgulhar: Deus o escolheu para libertar Seu povo da escravidão, para receber a Torá e ele se tornou o líder da nação e seu irmão, Aharon (Arão) o Sumo Sacerdote e mesmo assim, Moshê foi o mais humilde de todos os homens que já viveram.
Para a cultura judaica, a modéstia de uma pessoa pobre e simples não impressionava, não se impressionavam por uma pessoa frágil e humilde pregar a submissão a Deus. Desse modo, as pregações de Jesus no início de seu ministério, pouco impacto (social) causava.

Diante desse quadro, podemos ver por que os judeus relutaram em receber o Messias Sofredor descrito pelo profeta Isaías? Como a rejeição a Cristo é o próprio cumprimento da profecia descrita no capítulo 53: “Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do Senhor? Por que ele é como raiz de uma terra seca; não tinha parecer nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer...”

Todavia, diante deles não estava mais um profeta ou um outro rabi (mestre).

Diante deles estava a “semente de Abraão” (Gl 3:16), o Sumo Sacerdote irrepreensível (Hb 8:1-3), destinado a governar as nações com poder (Ap 2:27) e ele próprio Deus (Jo1:1), operando milagres e maravilhas, conforme Ele disse e está escrito: “os cegos vêem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e as boas novas são pregadas aos pobres; e feliz é aquele que não se escandaliza por minha causa”. (Lc 7:22-23).

Veja que quão incrível isto é: homens estavam perdendo a oportunidade da salvação por se escandalizar com Jesus! Homens cujo coração estava tão endurecido que não reconheceram o agir de Deus diante de seus olhos! Antes, não aceitavam sua soberania e majestade. Limitando nosso Deus e o comparando ao seu servo Salomão.

Não se renderam a Ele. Não se sujeitaram a Ele.  E como conseqüências não desfrutaram da plenitude dos tempos (Gl 4:4) e da remissão dos pecados e da adoção como filhos.
E quanto a nós? Até onde estamos dispostos a abrir mão de nossos pré-conceitos e paradigmas para experimentar a boa, perfeita e agradável vontade de Deus?


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